domingo, 16 de novembro de 2014

Os pelad@s de Porto Alegre,a indecência do "judiciário" e a mídia previsível

Nota introdutória. Escrevi isto depois de evento/manifesto na Redenção envolvendo "os pelados" que têm sido "vistos" em Porto Alegre. Coloco aqui, porque escrevi num fôlego só, sem revisão que farei oportunamente.  
Há mais temas correlatos que o tema propicia, mas parto deste extenso texto que sei poucos terão a coragem de ler.
Mas a rede que nos une neste debate me leva a compartilhar estas minhas reflexões.
É preciso aprofundar os debates expostos abaixo. 

Os pelad@s de Porto Alegre, a indecência do "judiciário" e a mídia previsível( título provisório)
            Depois dos episódios de pessoas nuas circulando pela cidade de Porto Alegre e o que pude vivenciar e observar resolvi tecer alguns comentários.
Em primeiro lugar queria dizer que falo informalmente enquanto militante acostumada a me manifestar pelas causas que defendo. Falo também enquanto socióloga e psicóloga e como expectadora-partícipe desta rede que nos entrelaça.
            Outra questão que chamou muita atenção nos últimos dias foi o auxílio-moradia dos juízes, que por si só daria pano para manga, porque ele não só ratifica a distribuição desigual de valores (uns valem mais do que outros) e direitos como mostra como  vemos ou concebemos a ideia de democracia. Democracia não é somente a liberdade de expressar seu pensamento ou agir, até porque o Brasil nem tem este modelo liberal de liberdade e o Estado, em várias normas, faz uma mediação entre estas liberdades e direitos, de forma a coibir algumas expressões desiguais desta liberdade para com certos grupos que não estejam no mesmo patamar de usufruírem estes direitos. Assim o Estado em medidas jurídicas intervêm diante da desigualdade física, econômica e mesmo psicológica com medidas e preceitos jurídicos. Exemplo disto é a Lei das Cotas, a Maria da Penha, e o próprio Código do Consumidor que fez com que o Brasil inaugurasse mundialmente um novo conceito no direito. A democracia se fez não só pela liberdade, mas pela divisão de poderes coibindo que um poder se sobrepusesse sobe os demais, como era o caso do rei nos sistemas autoritários, mas esta medida ameaça a democracia ao desequilibrar também este controle de um poder sobre os demais. Este tema voltará a se relacionar ao final da explanação com as manifestações de pessoas peladas em Porto Alegre.
Nas últimas semanas o Brasil ficou polarizado e obcecado pela disputa política que por si só traz e trouxe muitas outras questões e eis que no meio disso aparecem mulheres flagradas nuas correndo em Porto Alegre. Até ai nada excepcional se não vivêssemos numa sociedade em rede com todos os cidadãos munidos de celulares que podem fotografar e postar em tempo real tudo que acontece, como se fossem estas cenas mais inusitadas, uma moeda, um valor de importância, para aquele que é capaz de ser o primeiro a captar a novidade.
Na “rede” estas cenas levaram a um debate recheado de lugares comuns e palavras sem reflexão foram ditas e repetidas, muitas destas frases pareciam ter saído de um romance de Jane Austen, que retratava a hipocrisia e os valores de uma sociedade moralista e materialista do século XVIII.  Não vale a pena falar das pequenas brigas de espaço na rede, onde pessoas brigam pela primazia de criarem um evento, acusando-se em julgamentos morais das intenções dos demais, muitas vezes no tom pueril (eufemismo) semelhante ao debate polarizado do final das eleições presidenciais. O único consolo era que estas “peladas” mudavam o foco da atenção num momento em que se falava em até intervenção militar, fato este que não gostaria de alimentar e desenvolver aqui ou dar espaço para algo que deveria ter ficado em 1964.
O fato é que estas pessoas peladas em Porto Alegre suscitam alguns pontos de reflexão, mas antes uma nota. Na rede, usou-se mais a palavra “pelado” do que nu, que inclusive daria mais espaço para twittar, porque pelado é mais irreverente, se não desrespeitoso, para com os que se despem. Há quase um tom de deboche na palavra pelado. Não se fala em campo de pelados, mas se usa a terminologia mais “elegante”: nu! 
Alguns pontos que estes “pelados” me levaram a refletir (não esgotando os pontos e não atribuindo a nenhum um valor maior, se não de espaço mnêmico que minha memória permite associar ou desencadear).
1-     A questão do nu, da noção de decência, em pleno século XXI;
2-     A ideia ou conceitos de saúde mental e a forma como os profissionais “da saúde” trabalharam a questão na imprensa;
3-     A mídia e a notícia como mercadoria, e a forma como acabam ocupando um lugar de grande responsabilidade razão pela qual muita gente tem demonstrado, se não raiva, pelo menos indignação, para como a forma como estes que não são peritos nos assuntos que apresentam, lidam, ao reproduzirem o próprio senso comum ao escreverem um texto.

Vou começar por este falar deste último item. Falo primeiramente sobre o tom e o rumo como a mídia retratou inicialmente o tema.  Era previsível que eles estariam por lá e como sempre são os primeiros a chegarem e os primeiros a saírem e retratam só os primeiros fatos e não o esquentar dos manifestos, porque assim que têm matéria para mandar ou para irem embora, eles se vão. E quando chegam a maioria dos manifestantes, a imprensa já ausente,  vemos manchetes previsíveis: 300 pessoas estiveram presentes, porque eles vão embora muito antes de os demais 3000 participantes cheguem!
Hoje aconteceu semelhante. Eles eram em maioria, porque o tema de pessoas peladas pelas ruas da cidade interessou mais à mídia, do que o auxílio-moradia dos juízes e tantas outras situações com mais quórum de manifestantes que não levantaram ao mesmo interesse. Quando começamos a chegar a mídia pontualíssima já se fazia presente em grande número para cobrir a matéria sobre os pelados. Alguns cordiais e interessados e muitos impacientes e eu diria mesmo intimidatórios, e ali ocuparam o lugar daquele juiz que se achou acima da lei e desequilibrou mais ainda a balança de igualdade de direitos que não são aplicados equanimemente no Brasil. “Se ninguém tirar a roupa nós vamos embora” disse mais ou menos um destes personagens da mídia que me lembra em muito a fala dominadora dos machistas, dos juízes, dos políticos, daqueles que historicamente neste país ocupam o lugar da “autoridade” e dizem: ‘VOCÊS SABEM COM QUEM ESTÃO FALANDO?”. Aliás, isto me lembra de episódio recentemente julgado que envolveu justamente um personagem da grande mídia brasileira que “migrou” deste lugar de poder, da grande mídia, para o lugar de poder (autoridade) do poder legislativo numa fala totalmente explícita destas palavras. Coube a ele o pagamento de uma multa reforçando mais ainda a nossa longa historia de estupro do Estado Democrático de Direito, orquestrado pelo poder judiciário. (Há muitos juízes e demais membros do judiciário dignos da palavra imparcialidade e decência, mas meu tom acusatório é para este “Poder”, no jogo da falácia da democracia brasileira.)
Este manifesto/evento se criou a partir de um “debate” aleatório na rede e não era uma causa essencial de nenhum dos participantes e justamente o contrário. Ali quem precisava do furo eram eles, a mídia, e não nós. Invertemos a lógica, permitindo-nos o direito de esperar que fossem embora para que aquilo que “tínhamos para vender”, o furo jornalista, pudesse acontecer. E decidimos boicotá-los diante desta posição de “abuso de poder” em que se colocaram. ASSIM QUE SAIU A MIDIA IMPACIENTE FOMOS PARA A REDENÇÃO E ALGUNS MANIFESTANTES  ACABARAM TIRANDO A ROUPA, DESTA VEZ HOMENS, APLAUDIDOS PELOS PRESENTES NO LOCAL. O furo ficou para poucos jornalistas e para os não-jornalistas acostumados a transformar estas cenas em imagens e "história".
O tema nos leva  à discussão sobre o papel da mídia, neste mundo em rede, porque o furo não é mais deles, mas do personagem fortuito com um celular a mão e o poder está nas palavras “bem ditas” que conseguem se espalhar e empodeirar, mais do que estes que ainda tentam assumir este lugar de “noticiar” e no caso da midia de grande poder!
E o lugar da “autoridade” se esvazia, porque muitos conseguem transformar o complexo ou relevante em vulgar ou lugar comum numa  espécie de tradição jornalística.
            E aí no momento em que alguns atores sociais aproveitam para despir preconceitos ao desnudarem-se trazendo para discussão o porquê atribuímos a certas partes do corpo a ideia de decência sem questionar que é justamente neste tabu que se construiu a pornografia, porque qualquer parte proibida em exposição provoca um falso erotismo, alguns elementos da mídia impedem que a discussão se aprofunde. Eles mesmos compartilhando estes valores dominantes de “moral” e “decência”, reproduzem, mesmo falando com peritos e “autoridades” legitimas ou legitimadas estas ideias arcaicas que reforçam certas noções moralistas sobre o corpo nu. É justamente este discurso que enriquece a uma categoria de exploradores de mulheres e crianças, favorecendo o estupro, a agressão e o assédio sexual e a própria pedofilia. Isto alimenta a objetificação das mulheres, e todo um mercado da pornografia e supervalorização do corpo em detrimento de outras características. Isto sustenta esta opressão em homens e mulheres que precisam buscar a eterna juventude, a eterna beleza, a eterna potência sexual em detrimento da liberdade, da espontaneidade e do direito de sermos singulares e diferentes destes personagens que nossas roupas representam. Estamos todos fantasiados, mas ninguém percebe, como naquele conto do rei que está nu e não se apercebe. O homem de terno e gravata está tão fantasiado quanto um palhaço no picadeiro, porque ele vive através da aparência física um lugar de distinção, um lugar de poder na sociedade. Sua roupa grita o tempo todo, como o juiz infrator que se sentiu ofendido ao ser abordado pelo agente da lei ao ser flagrado em sua ilicitude: “tu sabes com que tu estás falando”? Ou ainda: “mas eu sou uma pessoa importante, tenho valor material, sou de uma elite, e tu tens que me respeitar, porque eu valho mais do que os que não estão nesta elite ou nesta classe social (tenho mais valor do que os pelados simbólicos, os pelados que estão a margem sem dinheiro). Isto ocorre igualmente com a mulher que precisa investir em beleza, em ser esbelta para sentir ou expor-se bela, porque se vende que ela precisa ser “desejável”, ou somente porque mulheres belas tem um valor melhor do que as que são “consideradas” menos belas. As mais belas são inclusive coroadas e tudo isto é vestimenta. No caso destas mulheres valorizadas pela beleza do corpo, estar nu, quando ela é objetificada, é também uma vestimenta, porque esta nudez, não é estar  sem roupa, mas é um signo de valor no espaço social, um lugar muito perverso que ainda destinam às mulheres: mulher objeto onde a nudez é bem paga e as partes expostas alimentam esta pornografia que é justamente a perda da liberdade de estar nu como qualquer animal, expressão desvirtuada desde as primeiras interpretações das escrituras judaico-cristãs que deslocaram a noção da perda da inocência para as “zonas” de nossa animalidade, deslocando justamente esta capacidade que temos de com nossas palavras e conceitos violar, com nossa moral, a “pureza” há muito perdida!
            Os pelados de Porto Alegre me inspiraram outras questões, que vão além do que eu sei que conseguem hoje se interessar em ler a sociedade da notícia instantânea, de 140 caracteres, e se possível com imagem e vídeo. Apenas não resisto de falar do papel dos peritos ou os médicos a quem delegamos ao legitimidade de falar sobre os espaços/lugares dos “desvios” que até bem pouco os homossexuais recebiam nos códigos de doenças. Cabe falar sobre o significado e do valor que damos a certa partes do corpo, e o tabu ainda sustentado sobre a sexualidade e mesmo e sobre a genitália que é tão forte que acaba sinônimo de sexo, quando sexo não é uma parte do corpo, mas um ato animal, que praticam também os humanos. Assim a genitália que não é diferente do pé, da cabeça e dos olhos, mas que não foi tema de debate.
Gostaria de concluir sobre a relação que tenho feito com nossa vigente noção de obscenidade e os cartazes que tenho empunhado ao falar da indecência dos juízes com seu auxílio-moradia. Num país com tanta desigualdade de direitos inviabilizando a expressão dos princípios essenciais de dignidade e solidariedade da Constituição me resta apenas o espaço da metáfora da indecência do poder judiciário. Este gesto, nada solidário dos juízes em terra de tantos sem direitos fundamentais, é mais imoral ou indecente do que um milhão de pelados em gesto obsceno. O destaque da mídia aos pelados em detrimentos de tantos outros temas de relevância política social de alguma forma alimenta esta lógica moralista e materialista que supervaloriza o corpo, e não a ética e a “justiça” ("decência" jurídico-política) e mesmo a democracia violada nestes benefícios. Isto é um atentado aos valores que motivaram os primeiros revolucionários que construíram a história da democracia ocidental e a busca da liberdade como um direito a ser conquistado.
Porto Alegre, 16/11/14 - Eliane Carmanim Lima 

Veja o vídeo : http://www.facebook.com/video.php?v=10152880638859759 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Porque devemos aprovar o PL 367/2013 que obriga o uso de rótulos de "testado em animais"

Prezados deputados estaduais do RS,

Está em votação na Assembleia Legislativa do RS um projeto de lei, LEI Nº 367/2013, de autoria do deputado estadual Paulo Odone, que obriga a utilização de rótulo de “TESTADO EM ANIMAIS” em produtos de higiene pessoal ou de limpeza fabricados no RS, bem como da matéria prima de produtos aqui comercializada.
Neste contato escrevemos aos deputados em nome de pessoas que solicitam urgente aprovação deste projeto apresentando alguns argumentos para apreciação de vossas excelências[1].
Em primeiro lugar é preciso tecer considerações acerca da grande mudança cultural que propiciou a demanda deste tipo de rótulo. Os preceitos jurídicos são reflexos da sociedade e não o contrário, assim à medida que a sociedade se modifica, modifica-se também sua legislação e há um crescente apelo contra a crueldade animal. Até algumas décadas, estava naturalizada em nossa sociedade a ideia de que podíamos usar os animais a nosso bel prazer, mas isto tem mudando aceleradamente nos últimos anos e estas mudanças estão materializando-se na legislação. Desde a primeira norma jurídica que deu proteção aos animais em 1945 com um decreto de Getúlio Vargas, nossa legislação tem refletido esta tendência cada vez mais e na Constituição Federal de 1988 a crueldade com animais passa a ser proibida e mais tarde é considerada crime. Atualmente está em fase final de aprovação uma mudança na direção de maior rigor punitivo ao crime de crueldade com animais no Novo Código Penal. Tanto é verdade que seria exaustivo colocar aqui outras inúmeras normas que têm sido aprovadas em âmbito federal, estadual e municipal propondo cada vez menos crueldade com os animais e mesmo a proibição definitiva do uso de animais em várias situações já materializadas em lei.
Estes argumentos partem principalmente de um viés sociológico, porque não é preciso argumentar sobre o prisma da legislação brasileira que coibir o sofrimento de animais já faz parte da Constituição Federal, assim como o direito dos consumidores de terem acesso a informações sobre produtos não só é ponto pacífico em termos jurídicos como faz parte dos princípios constitucionais no que diz respeito à defesa do consumidor há bastante tempo. Tanto é assim que o próprio CDC sublinha este direito à informação:
        Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
       III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.

Ou seja, não estamos solicitando algo que não esteja já previsto na CF. Também poderíamos acrescentar que a Constituição Federal nos agracia com o direito à Objeção de Consciência que não nos é dado exercer, porque sequer temos o direito de saber a origem da matéria prima que consumimos. E em nossa consciência optamos por não consumir produtos que tenham colaborado com a crueldade de animais.

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;  
O que pedimos é apenas uma informação nos produtos. Não pedimos quebra de sigilo profissional, nem acesso a informações privilegiados, apenas queremos ter o direito a saber o que nos é oferecido para consumo para termos direito à escolha e à informação.
 Mas o mais importante a trazer para reflexão é sobre a grande mudança cultural relacionada a este projeto de lei. Pesquisas apontam um crescimento exponencial de pessoas que se recusam a consumir produtos que tenham contribuído com o sofrimento e exploração animal e é preciso acompanhar esta tendência cultural na legislação e construir um mercado de acordo com esta demanda.  Sabemos que uma mudança cultural traz resistência de alguns setores da sociedade e compreendemos as dificuldades práticas desta mudança, mas é preciso avaliar para quem é feita a legislação. Os produtos são feitos para os consumidores e como vivemos num Estado Democrático de Direito, as empresas precisam atender as normas de produção de produtos para atender aos consumidores e neste caso os empresários são a minoria que lucra com estes produtos e cabe a eles mudarem de acordo com a legislação para atenderem a maioria, para quem são feitas as normas de defesa de comercialização e os produtos. Não cabe a nós mudarmos conforme a oferta; cabe a eles criarem a oferta conforme a demanda e neste caso a demanda reprimida de uma legislação que atenda este público é significativa.  Esta legislação já está atrasada em termos culturais e mesmo legal, porque é de 1988 que se fala em direito do consumidor como um dos direito humanos a ser observado em nosso país e da necessidade de transparência dos produtos. Este projeto também está atrasado se considerarmos a aceleração desta mudança cultural e a mudança em outros países.
Não podemos mais ser considerados uma ameaça de consumo para este setor; é preciso sermos considerados uma fatia crescente de mercado que exige transparência dos produtos e nos permitirem escolher não consumir produtos que tenham colaborado com a crueldade com animais.  Cabe observar que mesmo que esta lei não seja aprovada, os empresários descontentes não poderão deter a mudança cultural que exige produtos com rótulos sobre testes em animais, porque já existem empresas lucrando sem resistência com este novo mercado ao mesmo tempo em que atendem à legislação que impõe mais transparência sobre a matéria prima e conteúdo dos produtos.
Aprovar esta lei também auxilia que estas empresas mais resistentes a se adaptarem às mudanças culturais prevenindo prejuízos no futuro, caso persistam em não atender ao mercado que emerge com uma nova demanda. Cada vez mais pessoas procuram empresas que não testam em animais e no caso de cosméticos e saneantes há já várias opções. É preciso possibilitar conhecermos mais empresas e a possibilidade de consumirmos produtos de empresas gaúchas que poderiam se adequar a este perfil de consumo. Hoje conhecemos as grandes corporações internacionais, algumas das quais já colocam inclusive rótulos de “testado em animais” e outras preocupadas em informar as origens da matéria prima de forma transparente e responsável.
Hoje em dia a proibição de testes em animais em cosméticos e saneantes (material de limpeza) está alcançando vários países e mesmo em São Paulo há projeto semelhante e aprovar este tipo de legislação ajudaria estas empresas a venderem seus produtos tanto no RS como em outros mercados mais exigentes, porque na Europa se exigem igualmente informações da matéria prima e insumos dos produtos.
Repetimos que podemos entender das dificuldades práticas de modificarem esta conduta para algumas empresas que inclusive nem testam em animais, mas isto na realidade trará mais consequências positivas do que o investimento inicial em criar novos rótulos nos produtos a serem comercializados. Também gerará mais empregos, para criar setores de pessoas responsáveis em buscar informações sobre a matéria prima dos produtos, e poderá criar novas empresas que tratem destas informações, além de favorecer a criar a cultura da transparência da matéria prima no RS e no Brasil!  Isto sem falar que propiciará a inovação no uso de métodos substitutivos aos animais sem esquecer que o uso de animais não é obrigatório para estas substâncias e na realidade há entendimentos de que quando houver alternativas com métodos substitutivos estes métodos deveriam ser utilizados. Ao criar este rótulo no RS estaremos dando oportunidade a estas empresas a se adequarem para novos mercados, quem sabe, de forma inovadora em relação a outros mercados, para além do estado e do país.
Também sendo um ano eleitoral, não podemos deixar de falar das mudanças culturais e da demanda de políticas públicas que atendam este público crescente que exige o fim da crueldade para com animais e parlamentares que acompanhem esta mudança, por isto pedimos que não resistam às mudanças e atendam à vontade da maioria.
Mesmo que os ativistas da causa de defesa de animais não seja a maioria o número de pessoas que aprova o fim do uso de animais é maioria, tanto é que conseguimos derrubar um importante instituto que realizava testes em animais no ano passado, o Instituto Royal, em São Paulo, bem como o presidente do CONCEA em exercício naquele período.
Escutem o que estes eleitores pedem, e acompanhem a mudança que pede transparência e o fim da crueldade para com animais.
Muito mais poderia ser dito a este respeito, mas neste momento apenas convidamos a refletirem sobre uma nova ordem social que se constrói para que seja construída uma nova ordem jurídica que nos garanta a transparência nos produtos ao mesmo tempo em que permite o fim da crueldade com animais.

A seguir apontamos alguns argumentos para a aprovação deste projeto:
1-existem cada vez mais consumidores que não usam produtos testados em animais e este número cresce exponencialmente e em breve seremos maioria;
2-este projeto está de acordo com vários artigos da constituição que tratam da defesa do consumidor, e a necessidade de transparência, do direito à objeção de consciência e do direito de todos a viverem num ambiente ecologicamente equilibrado e o uso de animais em testes não pode ser considerado ecológico;
3-um rótulo de indicação de testes em animais auxilia as empresas a se adequarem a estas mudanças culturais impedindo que tenham prejuízo no futuro, favorecendo condições de competição com grandes corporações que já fazem indicação em rótulos ou que aboliram testes em animais;
4-a EU proíbe testes em animais para cosméticos e material de limpeza e esta tendência tem se espalhado globalmente e o que queremos neste PL é apenas um rótulo!
5-a CF proíbe a crueldade com animais e o uso de animais em testes é cruel e não é de uso obrigatório em cosméticos e saneantes, segundo a legislação atual e indicar o uso de animais ajuda a coibir o uso cruel de animais favorecendo o uso de métodos alternativos.
6-mesmo que algumas empresas peçam que a ausência de rótulos se mantenha somos em franca maioria em relação a uma minoria de empresários e cabe ao poder público atender a esta maioria que demanda novos produtos, mais do que a uma minoria que não quer ter despesas que seriam necessárias apenas num primeiro momento, sem falar que estas mudanças atendem à própria Constituição Federal;
7-os produtos com rótulos com maior transparência teriam maior penetração no mercado fora do RS e seriam mais bem recebidos por mais pessoas;
8-mesmo que a maioria das pessoas não seja ativista de defesa de animais a maioria das pessoas se importa com animais e preferirá sempre produtos que indicam se os produtos a serem consumido colaboraram com a crueldade e exploração animal e cabe aos parlamentares eleitos pelo povo atenderem a estas demandas;
9- não podemos deixar de dizer que mesmo que algumas empresas auxiliem a financiar campanhas dos parlamentares, não serão elas que trarão os votos, por mais publicidade que ajudem a produzir. No futuro, inclusive, a legislação de arrecadação de fundos para campanhas poderá mudar e estas empresas não poderão mais colaborar em campanhas, mas os eleitores vão continuar votando a partir de seus interesses ideológicos. A causa animal tem características diversas de várias outras bandeiras e pessoas que se importam com animais guardam longa memória compartilhada em rede de quem favorece os animais por muitas legislaturas!
 10-cabe às empresas adequarem-se às mudanças de mercado e não exigirem uma inércia cultural e legal da sociedade. Os consumidores não vão mudar, eles já estão mudando no sentido dos termos deste projeto, cabe aos empresários atenderem as necessidades de consumo dos consumidores;
11-vivemos numa sociedade em rede, conectada em tempo real e esta é uma causa de todos os ativistas de defesa dos animais de todo o país que compartilharão esta inovação legal pelo Brasil, seus apoiadores e aqueles que resistirem a mudar, sejam parlamentares ou empresas;
Concluo com palavras que serviram de argumento para outro projeto relacionado à questão.
“Entendemos que para algumas pessoas estas mudanças e ideias são difíceis de serem aceitas e para alguns acarretam mesmo prejuízo cultural, se não econômico, mas não há decreto que impeça que a cultura se transforme, principalmente esta que cada vez mais cria raízes em todos os lugares. Não há decreto que impeça a transformação social, ao contrário, a resistência fortalece o movimento, pois favorece mais ainda a união e a consciência sobre as questões defendidas. As resistências às mudanças sociais têm efeito contraproducente e produzem muito mais aceleração na direção das mudanças. (...) A tendência é que cada vez mais pessoas que comunguem dessas ideias ocupem vários setores da sociedade e busquem a materialização destas mudanças nas mais diferentes formas e setores da sociedade, seja através de campanhas, de manifestos, de boicotes, nas suas atividades profissionais e mesmo na política, pois mesmo parlamentares têm sido eleitos somente porque se preocupam com os animais, assim como outros têm deixado o cenário político por apresentarem projetos que regularizam ou permitem a exploração dos animais.”( retirado deste link)
Eliane Carmanim Lima, Porto Alegre 4 de agosto de 2014.




[1] Ao final estes argumentos são listados de forma prática.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

PSOL lança Núcleo Antiespecismo com debate sobre libertação animal no dia 3 de julho em Porto Alegre




O PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) lança no dia 3 de julho, às 19h30, no Plenarinho da Assembleia Legislativa do RS, o Núcleo Antiespecismo do partido com o debate “A Libertação Animal na Agenda Política”. O evento terá como palestrantes o antropólogo Caetano Sordi, a psicóloga e cientista social Eliane Carmanim Lima e o sociólogo Matheus Mazzilli Pereira.
Segundo a idealizadora da iniciativa, Eliane Carmanim Lima, o PSOL é o primeiro partido político no Brasil a adotar oficialmente a defesa dos direitos animais em um de seus núcleos. “Nos últimos anos, observamos um crescente interesse na defesa dos direitos animais. Nesta pauta, vamos encontrar grupos que defendem o fim da crueldade de alguns animais como cães, gatos, cavalos e outros animais de maior apelo social, mas encontramos também o ativismo que prega o antiespecismo, com o fim da discriminação e da exploração daqueles que não pertencem a uma determinada espécie e a defesa da libertação animal”, explica Eliane.

Palestrantes: Caetano Sordi, doutorando em Antropologia pela UFRGS e membro do grupo de pesquisa Espelho Animal: antropologia das Relações entre Humanos e Animais.
 Eliane Carmanim Lima, psicóloga e cientista social com mestrado em sociologia pela UFRGS, ativista e pesquisadora da temática dos direitos animais.
Matheus Mazzilli Pereira, bacharel em ciências sociais, mestre e doutorando em sociologia pela UFRGS. Pesquisador da temática da ação coletiva e dos movimentos sociais.
 O quê: Lançamento do Núcleo Antiespecismo do PSOL com o debate “A Libertação Animal da Agenda Política”
Data: 3 de julho – quinta-feira
Horário: 19:30
 Local: Sala João Neves da Fontoura (Plenarinho) da Assembleia Legislativa do RS (Praça Marechal Deodoro, 101 – 3º andar)

Entrada franca
Helena Dutra



Mais detalhes sobre o assunto neste link
Interessados em participar do núcleo em Porto Alegre podem contatar Eliane Carmanim Lima pelo email : eliane.veggie@gmail.com ou no Facebook:
e Twitter : @elianeveggie
O núcleo é aberto a não filiados que tenham o mesmo interesse
Endereço do núcleo no Facebook:
https://www.facebook.com/groups/1420333741580446/

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Vale a pena assistir:
"levaram 400 anos na America (US) para convencer brancos que negros não eram propriedade"
[mas conseguimos acabar com a escravidão assim como um dia vamos libertar os animais]
"Se os seres humanos fossem removidos do planeta a extinção dos humanos beneficiaria tudo que existe. Se as abelhas fossem extintas o sistema inteiro colapsaria. Se as formigas fossem extintas, o sistema todo colapsaria; estes animais têm um papel vital e nós não." sobre a ideia de supremacia humana.