"Eu sou defensora dos direitos animais ..."

Copio aqui um comentário que eu coloquei no meu facebook, porque acho que ele traz alguns argumentos relevantes sobre a questão animal.

"Eu sou defensora dos direitos animais há muitos anos, como sou defensora dos direitos humanos há muitos anos e também ambientalista. Mesmo que eu não fosse defensora dos direitos humanos e do meio ambiente e de outras causas sociais ainda assim seria defensora dos direitos animais. A ideia de se repeitar animais, não explorá-los, não comê-los, não vesti-los é recente na história de nossa “civilização”. Trata-se do mais recente paradigma cultural silenciosa e lentamente defendido na história da humanidade, mas ele se espalha de forma acelerada e pode ser percebido em várias ações e instituições humanas. Percebemos isto no crescente número de vegetarianos e veganos, em produtos para este público, ou seja, que não contêm animais ou o fruto de sua exploração, no grande número de restaurantes vegs, filmes, livros, etc. A legislação se modifica, políticos são eleitos com esta bandeira, partidos políticos surgem para defenderem animais e hoje eu não preciso mais nem prosseguir de tão evidente que é este fato. Os paradigmas mudam, ou seja, passamos de uma sociedade machista, escravista, racista, homofóbica, classista, elitista e sem espaço para manifestações de crenças religiosas diversas ao grupo dominante, para uma sociedade onde passam a circular os valores opostos a estes preconceitos acima. Hoje o que há de mais recente é a ideia de que não devemos mais ser antropocêntricos , assim como no passado surgiu a ideia de que não podíamos mais ser machistas ou sexistas, ou a ideia de que não podíamos tratar as diferentes etnias com discriminação, ou a ainda recente e não resolvida ideia de que as pessoas devem ser livres para expressarem e viverem suas orientações sexuais com direito de estabelecerem vínculos, mesmo civis (“oficiais”), com pessoas do mesmo sexo. 
Assim como os demais movimentos que garantiram estas conquistas contra os preconceitos que eu mencionei antes, o movimento de defesa dos direitos animais é plural e há neste movimento pessoas que apenas defendem alguns animais, usando e permitindo e até colaborando, com a exploração e mesmo crueldade de outros. Há também aquelas, como eu, que defendem uma noção antiespecista de mundo, ou seja, a ideia de que não cabe mais vivermos e pensarmos o mundo de uma forma antropocêntrica. Percebo nas minhas pesquisas que este é o grupo que mais cresce, até porque neste grupo é que está a mudança de paradigma. Lógico que temos e teremos inúmeros problemas decorrentes da longa exploração dos animais para resolver e mesmo que fosse possível uma imediata e total abolição dos animais agora teríamos muitos problemas a resolver. Mas podemos dizer o mesmo das outras questões sociais, porque mesmo hoje em pleno século XXI ainda não resolvemos os problemas do racismo mais antigo, fruto da escravidão de grupos e etnias inteiras, assim como ainda são bastante presentes os problemas mais graves decorrentes do sexismo. Mulheres ainda são agredidas e morrem espancadas por companheiros num taxa muito elevada e o racismo ainda é muito presente, de consequências nefastas para muitos Amarildos. Aliás, em pleno século XXI ainda temos escravos! Isto que nem falei das populações indígenas que são ainda muito invisíveis para muitas pessoas. Não preciso nem comentar sobre a homofobia que ainda mata e cria muitas polêmicas e este preconceito é muito presente.
E agora está emergindo com muita força o paradigma cultural não antropocêntrico que dá conta do respeito aos (demais) animais por seu valor inerente e a ideia de que eles não foram feitos para os humanos.
Eu digo isto, porque percebo que algumas pessoas ficam incomodadas com alguns dos meus posts e comentários que dão conta desta ideologia antiespecista. Eu comecei este ideal desde 1987 quando eu resolvi abolir o fruto da crueldade dos animais nos meus hábitos e como eu sou ativista engajada nas causas que abraço de uma forma proativa, não só vou continuar com estes ideais como vou tentar construir um mundo não antropocêntrico. Isto significa que vou continuar postando arquivos e comentários sobre estes valores que não fazem parte da cultura dominante. A única diferença é que naquela época eu atuava publicamente pelos direitos humanos e a questão dos animais, já nesta abordagem mais radical, nos fazia sermos excluídos e nos fechávamos em guetos, pois isto era não somente inaceitável como incompreensível. 
Eu recomendo àqueles que se incomodam com esta ideologia que se calem ou me excluam de suas redes ao invés de ficar me dando indiretas, ou fazendo piadinhas provocativas. Eu não vou mudar e se prestarem atenção, verão que eu não costumo doutrinar as pessoas para que pensem de acordo com minha forma de pensar apesar do meu radicalismo. Ao contrário, costumo, inclusive, criticar o proselitismo vegano (até porque acho que impor uma ideologia é uma forma de violência, além de arrogância). Se alguém mudar, será por si próprio e não porque eu disse para mudarem e nem mesmos os psicólogos como eu têm o direito de dizer aos outros o que fazerem de suas vidas. Meu ativismo se dá de outras formas que não cabe comentar aqui, mas tenho conseguido bons resultados.
Como este movimento se acelera vertiginosamente e é obvio que vou continuar com estes posts com este viés abolicionista e espero que aqueles que me adicionaram em suas redes sejam meus amigos virtuais e não faz sentido me atacar, mesmo que de forma sutil (com piadas e outros comentários menos “cordiais”). Entendam isto com um pedido educado de respeito. E por último ainda neste tom mais pessoal, eu gostaria de informar que tenho por política não discutir via internet. Aprendi que não leva a nada discutir “por escrito”. Acho que podemos postar nossas opiniões, mas muitas vezes as pessoas confundem debate com a discussão estéril para provar que se está certo na tentativa de convencer o outro de que está errado e sei que não vamos mudar a partir de argumentos intelectuais. É preciso muito mais do que argumentos intelectuais, pseudo- racionais, para “fazer alguém mudar”. Ninguém muda por terceiros, mas isto tudo já é outra história que eu deixo para outro dia quando eu escrever sobre estes dois assuntos, de como não mudamos com meras palavras e de como não somos seres racionais. (POA,28/10/2013)

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